Lê o texto com atenção e responde ás questões propostas:
Não sei ser triste a valer
Nem ser alegre deveras.
Acreditem: não sei ser.
Serão as almas sinceras
Assim também, sem saber?
Ah, ante a ficção da alma
E a mentira da emoção,
Com que prazer me dá calma
Ver uma flor sem razão
Florir sem ter coração!
Mas enfim não há diferença.
Se a flor flore sem querer,
Sem querer a gente pensa.
O que nela é florescer
Em nós é ter consciência.
Depois a nós como a ela.
Quando o Fado a faz passar,
Surgem as patas dos deuses
E a ambos nos vêm calcar.
'Stá bem, enquanto não vêm
Vamos florir ou pensar.
Fernando Pessoa (1888/1935)
1. De entre as afirmações seguintes, identifique aquela que completa a frase, de acordo com o sentido global do texto.
1.1. Os versos "Não sei ser triste a valer / Nem ser alegre deveras" (w. 1-2) e ':Ah, ante a ficção da alma / E a mentira da emoção" (w. 6-7)
a) associam-se, na medida em que caracterizam a dicotomia sentir/pensar.
b) são complementares, na medida em que ajudam a caracterizar o sujeito poético enquanto ser de emoções fingidas.
c) são antitéticos, na medida em que apresentam estados antagónicos.
d) são complementares, na medida em que ajudam a caracterizar o sujeito poético enquanto ser fragmentado.
1.2. O verso "Mas enfim não há diferença." (v. 11)
a) afirma a semelhança entre o florescer da flor e a consciência humana.
b) permite anular a diferença entre o poeta e as flores.
c) abre caminho para a aproximação entre emoção e razão.
d) nega a diferença entre aquilo que o poeta vê e aquilo que é, enfim, a realidade.
2. Refira, fundamentando-se no poema, o dilema existencial do sujeito poético.
3. Aponte em que medida o sujeito poético se distancia e se aproxima dos outros, clarificando o modo como essa aproximação é construída.
4. Explicite o sentido da quarta estrofe, clarificando a utilização expressiva da linguagem.
5. Aponte o tempo verbal predominante no poema e explique o valor da sua utilização.
6. Explique a conclusão do poema, referindo em que medida ela aponta uma solução para o problema existencial do sujeito poético.
Pergunta-tipo do GRUPO III
1. “A capacidade de superação constante de obstáculos e limitações é um aspecto que caracteriza o ser humano e um tópico que percorre a cultura e a literatura portuguesas.”
Num texto expositivo-argumentativo, de duzentas a trezentas palavras, exponha o seu ponto de vista sobre o tópico em questão, fundamentando-se na sua experiência de leitor. Com o texto da sua dissertação, deverá apresentar o respectivo plano.
Observações:
A) Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen. Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituem.
B) Um desvio dos limites de extensão indicados implica uma penalização até 5 (cinco) pontos do texto produzido.
(Adapatdo de "Exames Resolvidos de Português", Porto Editora)
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